Alguém consegue explicar porque se elege um/a candidato/a a deputado/a por um determinado distrito, sem essa mesma pessoa ter nascido ou conhecer a região?
A escolha de Ana Matos Pires (nasceu em Santo Tirso e vive em Lisboa), como candidata pelo partido Livre ao Baixo Alentejo, não traz nada de inovador ou de entusiasmante à nossa região e à política. Conhecer os problemas psiquiátricos dos utentes não faz com que conheça a região de ponta-a-ponta e todos os seus problemas, cultura, tradições, economia, etc. Em suma, a identidade da nossa região, o Baixo Alentejo.
Até agora, os “novos” partidos de novo só têm o nome. A provar está o facto de o Partido Socialista querer fazer o mesmo, com a possível escolha para candidato, o atual deputado João Galamba (nasceu em Santarém e vive em Lisboa). A ser verdade, esta é uma prova inequívoca do desrespeito pela região e pelos alentejanos, que nem em eleições livres elegem os seus, sendo o poder e a democracia totalmente consumidos pelas “máquinas” partidárias, perdendo a nossa região qualquer voz no principal órgão de representação do povo.
A campanha eleitoral por vós iniciada já está repleta de mentiras e populismo. De populismo barato, jogo que os políticos adoram jogar, no qual usam as paixões, sonhos e ideais do povo para prometer o impossível, aproveitando-se da miséria e ignorância das pessoas. Escondem a verdade, deixando de fora a razão e a lógica. Jogam com a necessidade e o desespero do povo. Em resumo: mentem repetida e descaradamente, sem vergonha e moral.
Com políticos antigos não haverá políticas novas. A campanha ainda agora começou e nós, povo, já estamos fartos das mentiras ditas com sorrisos. Das estatísticas interpretadas à maneira de cada um. Das promessas que nunca serão cumpridas. Em suma, de vocês, políticos atuais.
Música Popular do Alentejo, interpretada ao vivo por Jorge Roque (viola), Pedro Zagalo (piano) e Herlander Medinas (contrabaixo) na taberna do Arrufa em Cuba, Alentejo.
Enquanto a nossa cidade e região assiste à degradação de condições básicas de desenvolvimento humano, social e económico, como mais e melhores cuidados de saúde, estradas e outras acessibilidades dignas de um país europeu, em Lisboa, o Estado acaba de adquirir um imóvel por 13 milhões de euros, entregando-o posteriormente à Universidade de Lisboa, totalmente grátis.
Quando se encerram camas no único hospital do distrito de Beja para poupar dinheiro, quando as principais estradas encontram-se num estado de perigo constante, porque não há dinheiro ou se fazem cortes constantes no financiamento das Câmara Municipais, motores de desenvolvimento e emprego em todo o país, com grande impacto no interior devido à escassez de empresas privadas, porque estamos em “crise”, é motivo mais que suficiente para provar que há dinheiro. Apenas está todo direcionado para Lisboa.
O resto do país, em especial o interior, apenas serve para em ano de eleições, caravanas de políticos encherem o interior de comícios, sorrisos e promessas. Promessas, que se tornam apenas falsas expectativas ao longo de 4 anos
Este subdesenvolvimento do interior traduz-se num PIB per capita baixíssimo, só comparável com os países pobres da Europa, obrigando os melhores jovens a deslocarem-se para outras regiões do país e mesmo a emigrar, deixando as regiões ainda mais pobres.
Sem equidade territorial e justiça nunca haverá progresso para o país. Apenas para Lisboa, centro de tudo: Do poder político, dinheiro e desenvolvimento social e económico.