Um país que é Lisboa (e por vezes Porto)
O governo, políticos e opinião elitista de Lisboa, desistiram do interior do país. O interior, para as gentes de Lisboa, apenas é turismo, gastronomia e vinho. Em Portugal apenas se discute se determinado investimento estrangeiro deve ir para Lisboa ou Porto. Tudo o resto, fica afastado, sequer, de qualquer apreciação. E, a cidade do Porto, só passou a entrar na discussão graças ao atual presidente da Câmara, Rui Moreira, que, para desconforto do governo, faz muito barulho sempre que cada grande investimento sonda o governo para se instalar no país.
Depois, há sempre no debate político em momentos de eleições a “coesão territorial”, “investimento nacional”, “acessibilidades”, “natalidade”, “incentivos positivos para o interior”, “combate à desertificação”, entre outras palavras ou frases propagandistas, mas no período pós-eleições, é totalmente abandonada essa visão. O país verdadeiro, arde e fica abandonado porque não há emprego e os jovens quando saem, já não voltam.
No momento atual, as cidades tornam-se vilas, as vilas tornam-se aldeias e aldeias tornam-se montes. A solução é investimento, emprego e aposta nos recursos endógenos, no sentido industrial e económico. O interior não precisa de mais rotundas, pavilhões, campos sintéticos, piscinas, centros de congresso e exposição. Isso acontecerá com o efeito multiplicador que o emprego e investimento têm sobre uma comunidade ou região.
Sem prosperidade e solidariedade territorial mútua, o povo, irá afastar-se cada vez mais da política e da democracia, colocando em causa a sua legitimidade, força e o próprio projeto europeu. Nós, bejenses e alentejanos, somos cidadãos portugueses e europeus, mas no entanto, estamos a anos-luz do progresso e desenvolvimento de Lisboa ou de uma pequena cidade europeia.