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Mais Beja

23
Out18

A mania dos “doutores”

Mais Beja

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Em Portugal, ser tratado de “doutor” é como comer sardinha no verão ou gostar de pastel de nata. Todos gostam ou exigem, subtilmente, serem tratados com o título antes do nome, como se isso lhes desse mais poder, valor ou importância. Mesmo sem ter uma extensa e rica formação académica (doutoramento). Basta ter uma licenciatura ou nas pessoas mais velhas, ser chefe ou diretor de algum departamento ou secção, para ser tratado por “doutor”. Ligamos para uma escola, consultório de uma nutricionista ou psicóloca, câmara municipal, finanças, etc, dizemos: “Queremos falar com o senhor H.”, e a resposta é: “Com o senhor “doutor” H.?”. Somos de imediato corrigidos. Até quando se vai ao pedir um cartão de multibanco ou crédito, perguntam se queremos o “Dr.” atrás. Fácil e rápido.

Valoriza-se o título (professor, engenheiro, doutor) antes do nome, a pose, a casa ou a marca do carro, como se tal trouxesse mais valor ou importância social à pessoa. Dá-se pouca importância ao ser e ao que se fez na vida, aos valores e princípios éticos de cada indivíduo.

Os nossos governantes e elites são o reflexo da sociedade. São chamadas por “doutores” sem o serem (o caso constante e caricato é o de Miguel Relvas). Será que é para se sentirem inteligentes? Ou simples mentira para terem mais valor perante a sociedade? E quantos são tratados por “Sr. engenheiro”, sem nunca terem trabalhado?

 

Para se ter uma noção do quanto somos pequenos e incultos, alguém que ganhe o Prémio Nobel, não ganha o título de doutor ou algo parecido. Antes do prémio era tratado por “John” e depois de receber o Prémio Nobel, é tratado por “John”. Nada muda, apesar de ter feito algo de extraordinário para a humanidade.