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Mais Beja

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Museu Regional de Beja – Presente e futuro

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Na semana passada, foi decidida a transferência do Museu Regional de Beja - Museu Rainha Dona Leonor da CIMBAL (Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo) para o Ministério da Cultura, numa gestão partilhada com a Câmara Municipal de Beja. Irei tecer algumas ideias e factos, tendo dividido em tópicos a minha exposição.


Foi bom ou mau a passagem para o Ministério da Cultura?
Avaliando o apoio do Governo, ou seja, dos vários ministérios de Lisboa no Baixo Alentejo, este tem sido nulo. Desde a saúde (ausência total de investimento no único hospital do distrito), justiça (promessa de construção do novo palácio da Justiça na cidade), ligações rodoviárias e ferroviárias (não vou relatar, porque têm sido amplamente abordado na comunicação social, redes sociais e blogues), chegamos à conclusão que o Estado abandonou a região. De todas as promessas realizadas nos últimos 4 ou 8 anos, nenhuma foi cumprida. E aqui voltamos ao museu. Se o Estado nunca investiu em serviços vitais do Estado, de certo, não irá apostar (€) no museu mais importante da cidade.
Mais, os sucessivos Governos nunca quiseram saber da Cultura. O investimento em % do PIB é diminuto e o pouco que tem sido realizado em museus públicos deve-se ao mecenato de empresas privadas e doações de particulares. Mesmo nos museus mais importantes do país, todos concentrados em Lisboa, encontram-se com falhas a todos os níveis: falta de trabalhadores, salas sem iluminação, pequenas reparações por fazer, restauro e aquisição de obras, salas de exposição fechadas, etc. Basta ver as inúmeras demissões de diretores de museus que têm vergonha de não ter papel higiénico nos WCs para os visitantes.


A Câmara Municipal de Beja é uma solução?
Não conheço de forma completa as contas da Câmara, mas dúvido que a Câmara de Beja tenha capacidade financeira para manter o museu aberto e todos os seus funcionários, quanto mais dar aquilo que o museu precisa, que é um forte e ambicioso plano de requalificação, conservação e modernização.
Em 2018, o orçamento da CIMBAL para a rubrica “Museu” foi de 1.010.704,73€ (despesas de pessoal, aquisição de bens e serviços, outras despesas correntes e capital0,) segundo as Grandes Opções do Plano Orçamento e Mapa de Pessoal da CIMBAL
A solução, para acalmar alguns fervorosos adeptos, foi a Câmara ficar com a gestão. Neste caso, o problema mantém-se porque o problema não é quem gere, mas sim se há dinheiro para “reerguer” o museu. De certo, para recuperar o Convento da Nossa Senhora da Conceição, onde se encontra o museu, igreja, salas do museu, pinturas, andores e restante espólio, seriam necessários vários milhões de euros.
Com o passar do tempo e o abandono do Governo central, o problema só se agrava, porque o museu está a deteriorar-se, e daqui a algumas décadas, quando quiserem recuperar o património, este, poderá já não existir.


A CIMBAL?
Regressando ao início, todas as câmaras, que compõem a CIMBAL, exceto Beja, ficam felizes, porque deixam de ter um “filho bastardo”. E esse era o grande plano, agora conseguido.
Mantendo o mesmo pensamento, porque as câmaras que compõem a CIMBAL, também não decidem passar o Diário do Alentejo para a Câmara Municipal de Beja? A sede do jornal também é em Beja… No mínimo é “curioso” esta dicotomia de pensamento.


Qual a solução no futuro?
A única esperança para o museu será candidaturas a fundos europeus, capaz de aportar uma grande soma de dinheiro para recuperar e conservar o edifício e espólio, criar exposições temporárias de qualidade e promover a nível nacional o museu de forma a trazer mais visitantes.


Ou seja, a solução para o Museu Regional de Beja não está dentro (Beja ou Lisboa) mas fora (Bruxelas). Enquanto isso, percebemos que os nossos políticos ainda não sabem que um país sem cultura, é um país sem memória.

 

Portas de Avis

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FOTOS: MAIS BEJA

 

As Portas de Avis, são um arco romano de pedra granítica, situado junto ao Terreirinho das Peças. Foi em tempos encimado por uma Ermida (Nossa Senhora da Guia), tendo sido ambos demolidos em finais do século XIX. No século XX, mais precisamente em 1939, o arco foi reconstruído, ficando com a estrutura atual.