O projeto do Centro de Arqueologia e Arte, criado e desenvolvido pela Câmara Municipal de Beja, consistia na ocupação de dois edifícios situados na Praça da República, mais um logradouro interior onde têm sido escavados e descoberto vestígios do antigo fórum romano de Pax Julia (actual cidade de Beja), bem como a Casa da Moeda de Beja, apenas descoberta recentemente, como foi noticiado em 2012 pelo jornal Público. Após vários anos, e uma cronologia que deixo em baixo, nada foi inaugurado:
2013: Apresentação do projeto por Pulido Valente (ex-Presidente da Câmara).
2015: Assinado o contrato de financiamento para a sua construção por João Rocha (ex-Presidente da Câmara).
2017: Conclusão da obra.
2020: Não há previsões de abertura do edifício por parte do executivo de Paulo Arsénio (actual Presidente da Câmara).
Perante esta enorme demora, ficam várias questões ao poder local:
Porque o Centro de Arqueologia e Artes de Beja não abriu, se a obra está concluída desde 2017? Há planos/data de quando irá ser inaugurado? Qual o projeto para o espaço, além da transferência do espólio do Museu de Jorge Vieira, atualmente na Casa do Governador, situado no interior do castelo de Beja?
Estas questões foram enviadas à Câmara Municipal de Beja, via e-mail. Assim que houver algum esclarecimento, colocarei aqui.
Esta obra revela a insensatez dos políticos locais, espantados e a questionar o porquê de ninguém querer ficar em Beja. Se para abrir um espaço cultural já lá vão 7 anos...
Nos últimos anos, e após o grande abanão que deu, muito se tem discutido o movimento Beja Merece Mais. No início, foi a alegria e carinho pelo movimento cívico, por dizer aquilo que todos nós vemos e sentimos, ou seja, as graves carências da cidade e da região que limitam o desenvolvimento social, humano e económico de quem cá vive, quando nenhum partido o faz de forma transparente e completa.
Após a implementação das suas ideias, reuniões e manifestações para chamar à atenção dos graves défices da região, recorrendo a protestos locais e nacionais, bem como o apadrinhar de figuras públicas nacionais, obtiveram enorme visibilidade nos principais meios de comunicação social em Portugal. Com esta receita, o movimento ganhou crédito, força e impacto nacional, tendo obrigado os governantes a ouvirem e sentarem-se à mesa com alguns elementos deste grupo de cidadãos bejenses, livres e apartidários.
Mas depois, vieram os velhos do Restelo, figura típica da sociedade portuguesa, muito bem descrita, por Luiz Vaz de Camões. Uns denegriram o movimento porque só assim sabem viver. Outros, viram força, e quiserem derrubá-lo. Outros, quiserem fragiliza-lo para poder conquistá-lo. Alguns (e para mim os mais absurdos), criticaram negativamente o movimento por criar controvérsia. Se o movimento não provocar controvérsia não será movimento. Para ter impacto, tem de ser incómodo.
A verdade, é que foi um sucesso em termos mediáticos! E poderia ter tido mais visibilidade e, consequentemente, mais impacto se tivessem criado uma estrutura mais moderna, técnica e digital, como a criação de um site, página oficial em redes sociais, angariação de fundos para criar mais medidas (exemplo: colocar um cartaz publicitário gigante em frente à Assembleia da República com as principais reivindicações da região). Acredito, que com uma estrutura mais profissional e formal, tivessem tido um impacto estrondoso em Portugal.
2ª parte:
Concretizada a primeira parte, falta dar o próximo passo: ir a eleições! "O sistema só se quebra por dentro", li em qualquer lado e fiquei com esta frase gravada. Só quando o movimento Beja Merece Mais se tornar partido, ir a eleições e ganhar representação, poderá criar um impacto avassalador e disruptivo.
O último Orçamento de Estado de 2020, nada vai dar ao Baixo Alentejo e, no entanto, os 2 deputados do Partido Socialista (do total de 3) votaram favoravelmente num documento, fundamental e imprescindível na governação do país, que nada dá, altera ou cria na região. O outro deputado do distrito, pelo Partido Comunista Português, absteve-se.
Um excelente exemplo, mesmo aqui ao lado, é o caso de Espanha. Nas últimas eleições houve vários pequenos e micro partidos, com interesses na defesa, desenvolvimento social e económico local, que ganharam assento na Assembleia espanhola (Congresso de los Diputados). O PSOE, de Pedro Sánchez, para formar governo, teve de chamar esses partidos, e dar algo em troca para obter o seu apoio (como é habitual). Há pequenos partidos regionais, como o Partido Nacionalista Basco (PNV), que elegeu 7 deputados ou a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que elegeu 13 deputados. Mas também há micro partidos, como o Más País (esquerda), elegeu 3 deputados, o Bloco Galego (BNC) elegeu 1 deputado, o PRC (regionalistas da Cantábria), elegeu 1 deputado e o Coligação Canarias, elegeu 2 deputados.
O grande sucesso das últimas eleições em Espanha, foi plataforma Teruel Existe, que elegeu 1 deputado. Este movimento luta contra a desertificação de uma província espanhola com cerca de 133 mil habitantes, quase o mesmo número de habitatnes do Baixo Alentejo.
A estrutura organizacional, funcional e financeira para criar e manter um partido não é fácil, mas acredito que chamando a sociedade civil, tal como fizeram no início, permitiria dar um passo realmente impactante. E não é nenhuma loucura ou impossibilidade. Temos excelentes experiências, em vários países europeus, com mais amadurecimento e cultura democrática que nós.
Este guia surge da necessidade e desconforto de não existir um Guia Turístico da minha cidade, que dê suporte a quem a visita. Todas as cidades, que gostam de receber turistas, promovem todas as suas atrações, qualidades e particularidades de forma a ser atrativa aos de “fora”.
Este guia é uma continuação do blogue Mais Beja, sendo que alguns dos textos informativos sobre locais e monumentos são extraídos de publicações lançadas aqui, bem como fotografias. O guia é atualizado com regularidade.
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