Beja está deprimida na sua pequenez
A cidade Beja mantém-se no seu estado: letárgica, sem progresso ou movimento crescente. Nos últimos 4 anos não houve a inauguração de obras ou projetos estruturantes. Beja está como esteve nos últimos 15 anos. Parada no tempo. O único grande projeto foi a abertura do Beja Retail Park, sendo que todas as melhorias criadas em redor (estradas e passeios), foram gentilezas do privado. Há anos que se fala em construir uma passagem para peões, que atravesse o IP8, e até hoje nada. Algo tão simples, como semáforos e uma passadeira ou uma passagem de nível, não foi concretizada (pelo Estado, através da Infraestruturas de Portugal).
Hoje, o sonho dos jovens é morar fora de Beja, como se esta fosse uma grande metrópole cheia de barulho, trânsito e poluição. Não, não tem nada disso. Mas também não tem nada para dar. É um ser morto. Há uma debandada de residentes para as aldeias e vilas em redor, porque sentem, que viver em Beja não lhes traz benefícios, face viver em Beringel, Albernoa ou Vidigueira. Algo impensável. Outro motivo para tal, é não existir habitação a custos controlados. Comprar casa em Beja sempre foi caro. E já alguém tentou mudar isso? Não. Também algo impensável.
Lisboa é cara porque tem os estrangeiros que fazem elevar o preço das habitações. Em Beja não há estrangeiros ou a “gentrificação” provocada pelo turismo.
Aos leitores, que já começaram a pensar sobre a resposta ao que escrevi em cima, digo apenas: Pensar pequeno, nunca nos irá tornar grandes. Quando o executivo camarário diz que instalar 4 moloks (contentores de lixo), reparar 200 metros de estrada (quando se esquece de criar/reparar passeios ou iluminação pública) ou mudar 7 candeeiros de lâmpada incandescente para luz LED é um grande feito, nunca nos irá tirar da “aldeia” em que vivemos. Isso poderá dizer um presidente de junta de freguesia, que tem poucos recursos materiais, humanos e financeiros. Ou, de que vale reparar 5 quilómetros de estrada, se, entretanto, há novos 10 quilómetros em péssimas condições?
A Câmara Municipal de Beja tem um orçamento de 38,9 milhões de euros e 601 trabalhadores em 2021! Porra, não se poderia fazer mais?!
Beja nada ganhou, como muitos contrariamente diziam, ao ter uma câmara da mesma cor política do Governo central. Diziam que iria haver progresso e investimento. Nada se concretizou. A expansão do único hospital mantém-se fechada na gaveta. A eletrificação da única linha de comboio não avançou. O IP8 está num estado lastimável, sendo inclusive gerador de acidentes, havendo o sucessivo adiar de obras para o ano seguinte. O novo tribunal continua por realizar, com verbas tão baixas, que nenhuma empresa construtora apresenta candidatura. Ou a não reabilitação do Museu Regional de Beja, que se encontra num estado de penúria, com claros prejuízos para o edifício e obras lá existentes, apesar de inúmeras promessas.
E tudo é isto é uma incongruência, quando antes da pandemia, o país financiava-se a juros de quase 0%, recebia fundos europeus a potes, atingiu pela primeira vez um superavit orçamental, sem austeridade e num Governo socialista, liderado por António Costa. E o que deram essas boas notícias? Nada. Não houve sequer um único projeto em Beja que alterasse, um pouco, o seu rumo. É desconcertante, mas é a realidade.
Haverá gente capaz de mudar o rumo? Dúvido muito.