Beja parada em 2020
Enquanto noutras cidades, o poder local tenta retomar várias iniciativas, de forma a regressar à normalidade, dar emprego e gerar negócios em serviços, restauração, cultura e hotelaria, a Câmara Municipal de Beja decidiu realizar o inverso e cancelar tudo. O turismo e as actividades normais, irão retomar daqui a poucos dias (1 de julho de 2020) por toda a Europa, actuando Beja em sentido aposto. Não faz sentido, adiar as Palavras Andarilhas, quando nunca houve, neste fantástico evento cultural, multidões a assistir aos eventos, sendo que nos anos anteriores os eventos têm sido realizada ao ar livre. Tomada a decisão, o evento, que tem uma periodicidade de 2 em 2 anos, foi adiado para daqui a 2 anos, como se tivesse sido realizado. No mínimo, retomavam o evento no ano seguinte (2021).
A piscina municipal descoberta irá iniciar obras de requalificação em julho, mês de pico de utilizadores. Esta medida é prejudicial e desproporcional, uma vez que muitas crianças carenciadas faziam da piscina municipal o único momento de lazer em férias. Mais ainda, a piscina descoberta era utilizada por centenas de crianças para a prática de natação de competição, afetando também, negativamente, os clubes da cidade. Não é mais sensato iniciar as obras em setembro?
Apoiantes do PS e do atual executivo referiram nas redes sociais que estas medidas tinham como objetivo prevenir a disseminação do covid-19. A decisão da câmara não se baseia em diretrizes da Direção Geral de Saúde (DGS), uma vez esta já autorizou a abertura de centros comerciais e praias, locais com verdadeiras multidões. Além disso, se as pessoas não forem para a piscina de Beja, vão à piscina da Cuba ou Vidigueira. Ou à praia. Portanto, o risco de transmissão é maior.
Depois, há absurdos. Por exemplo, e devido ao covid-19, a câmara adiou o início do Orçamento Participativo, um novo instrumento de aproximação dos munícipes ao poder local, de grande sentimento democrático e que já existe em várias cidades portuguesas. O processo, praticamente todo digital, em que não há aglomeração de pessoas, foi adiado para 2021 (para ser implementado em 2022, após as eleições?).
Estas medidas fazem-me lembrar o ex-Presidente Pulido Valente (PS, mandato 2009-2013), de tanto querer reduzir a dívida da Câmara Municipal de Beja (que não era elevada comparativamente a outras câmaras da mesma dimensão), não gastou dinheiro e, como tal, nada fez durante 4 anos. E o que aconteceu no final? Perdeu as eleições para a CDU.