Legislativas 2024: Análise aos principais candidatos pelo distrito de Beja
PS (Partido Socialista) – A cartilha do principal candidato, Nélson Brito, foi simples e igual a nível nacional: culpar a Troika pelos atrasos na região, unir a imagem de Passos Coelho (eleito Primeiro-Ministro há 13 anos!) à AD, lançar a ideia que havia um trabalho a consomar-se no distrito de Beja, que, de forma infortuna (justiça), foi interrompido. Culpa dos outros, contra o PS. Quando gastou todos os “cartuchos”, falou em humildade, ao ser confrontado de forma eficaz para o que falta concretizar na região.
O que fez o candidato Nélson Brito, enquanto deputado na anterior legislatura? Nada de visível. Sempre viveu atrás do deputado Pedro Carmo, que apenas se preocupou com o concelho de Ourique, o porco preto e trabalhar em tarefas dentro do partido, mostrando trabalho e lealdade ao PS. Para quem o elegeu, nada fez porque pouco foi concretizado na região, exceção para o regadio do Alqueva.
O número dois da lista de candidatos, Pedro do Carno, notabilizou-se mais como funcionário do Partido Socialista, trabalhando em prol do seu líder, António Costa. De certo, almejando um cargo maior no governo. O tiro saiu pela culatra, uma vez que se manteve sempre como deputado, e não como secretária de Estado ou Ministro (da Agricultura?), algo sempre aventado.
Nos debates com os candidatos pelo distrito de Beja, Nélson Brito, faz as mesmas promessas, que o seu partido fez em 2019 e 2022 pelo distrito: requalificação do IP8, investimento no aeroporto, expansão do hospital de Beja e melhoria na restante rodovia e ferrovia. Ou seja, o PS comprova que as obras estruturantes não foram concretizadas. Quando confrontado com o não cumprimento de promessas, enumera vários pequenos investimentos que estão a ser concretizados devido ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem como objetivo implementar um conjunto de reformas e investimentos na Europa, destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia. Ou seja, se não tivesse ocorrido a pandemia COVID-19, a União Europeia não teria criado este programa e, como tal, não existiriam estas obras, atualmente em curso.
Se o PS conseguir manter a eleição de dois deputados pelo distrito se Beja, não será, por mérito, mas porque o nosso distrito está cheio de funcionários públicos, que querem manter o status quo do sistema de emprego fácil, sem despedimento e os reformados e pensionistas, que têm sido favorecidos nos aumentos, quase sempre acima da inflação. É verdade que continuam com reformas baixas, ainda assim, não perderam poder de compra, como aconteceu com os jovens e famílias com filhos a cargo. A saúde, educação e acessos rodoviários e ferroviários encontram-se num estado decadente.
Pedro Nuno Santos é uma mistura de Sócrates e Costa. Tem a arrogância e a retórica de um, e a incompetência do outro. Não é confiável. Durante os recentes debates, prometeu e desprometeu várias ideias e propostas. Em poucos dias! Quem pode confiar para Primeiro-Ministro? O PS governou com enorme trapalhada, com muitos casos e casinhos, sem resolver os problemas do país.
AD (Partido Social Democrata, Partido Popular e Partido Popular Monárquico) - O PSD tem sido atacado pelo período da Troika, que parou vários investimentos no distrito de Beja. Para fazer justiça, a suspensão de vários investimentos públicos no distrito foi imposta pela intervenção externa. Não foi o PSD, foi a Troika. A verdade sim, é que o Partido Socialista governou nos últimos 8 anos, e apenas houve promessas. Os investimentos públicos estruturantes não foram concretizados.
Gonçalo Valente, candidato pela AD, demonstrou ser competente, combativo e defensor da região. O seu discurso traz consigo uma certa esperança no futuro da região, quando elenca várias virtudes do Baixo Alentejo. Conhece bem os principais problemas da região e, caso a AD ganhe as eleições e consiga formar governo, vai ser uma peça chave nas ambições e desejos da região. Se lutar, da mesma forma aguerrida que se mostrou nos debates, seguramente, alguns investimentos irão ser concretizadas na região. Foi duro e combativo na defesa das ideias da AD e dos ataques falsos e oportunistas da candidata pelo Chega.
Face aos anteriores candidatos para as Legislativas, o PSD deu um grande salto de qualidade.
CDU (Partido Comunista Português e Partido Ecologista "Os Verdes") - Hoje, dois anos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a posição do partido nada mudou. É difícil votar num partido que é contra os valores humanos do projeto Europeu e não condena um regime que ataca milhões de civis, trazendo o horror e tragédia da guerra para o continente Europeu. E não vale a pena repetirem a mentira que a culpa é do crescimento da NATO ou do EUA. A NATO cresceu sim, após a invasão da Ucrânia, com a Suécia e Finlândia a juntar-se à organização, e os gigantes aumentos nos orçamentos militares da Alemanha e Polónia. A Rússia de Putin falhou em todos os seus objetivos. Não pretendia fazer esta introdução sobre a CDU, mas é algo que me choca profundamente.
João Dias é o candidato mais competente, conhecedor da região e dos seus problemas. Conhece profundamente cada dossiê, seja aeroporto, saúde, rodovia, ferrovia, economia, imigrantes ou Alqueva, o que é fundamental para ser-se eleito. Merece ser eleito, pelo conhecimento e competência que apresenta. Além disso, consegue ver para além dos problemas e falhas gerais, os quais todos os candidatos abordaram. Consegue abordar a necessidade de uma unidade de cuidados continuados em Beja, demonstrando que sabe mais sobre a região e as suas carências. Mas, por infelicidade, pertence a um partido que apresenta um discurso no qual os jovens não se revêem, com quedas sistemáticas no número de votantes eleição após eleição. O PCP, mantém a sua ideologia de forma férrea, trazendo-lhe perda de capacidade de atração.
BE (Bloco de Esquerda) - O BE, quando esteve no Governo através da geringonça, não aproveitou para desbloquear e facilitar a vida dos jovens. A vida para estes, continuou e continua má. Ou seja, apesar de a Troika ter saído Portugal, a Troika não saiu da vida dos portugueses. Mariana Mortágua foi a bloquista destacada para negociar os Orçamentos de Estado, que nunca foram concretizados pelas cativações e, consequente, desinvestimento público, que resultaram no estado atual e deplorável dos serviços públicos, na crise da habitação, no colapso do SNS e emigração dos jovens mais competentes.
O candidato por Beja, José Esteves, revelou conhecimento, com boa oratória e capaz de pensar a região de forma completa. Não será eleito, mas trouxe qualidade e temas que importam à região, fugindo dos ataques interpares.
Chega - A candidata por Beja, apresenta um discurso atabalhoado, confuso e pouco esclarecedor, não havendo um fio condutor. É difícil encontrar argumentos positivos para votar no Chega por Beja. Promete medidas magnânimas e populistas. Nunca explicou, de forma honesta, como irá financiar as medidas.
O distrito de Beja, irá, com grande probabilidade, eleger um deputado, sendo que quem vota, nem saberá qual é a 1ª candidata por Beja. O Chega é um partido de um homem, André Ventura.
André Ventura, de forma populista e impune, promete em 2026 pensões mínimas igual ao salário mínimo, alcançado os mil euros. É impossível cumprir, exceto se levar o país à bancarrota. Faz promessas, não porque acredita que é exequível, mas porque vê um filão de 2 milhões de reformados que votam. Refere ser um moderado, mas discursa de forma anti-minorias, anti-comunidade LGBT, anti-imigrantes e anti-Europa. Como isto é um discurso moderado? É contra os valores humanos e regras europeias. Vive da mentira e da ignorância. Está na política, pela sede de poder. Tudo o que não tem fundamento ou bem, acabará por ruir. E ele acabará por ruir. Mas tal como o Trump nos EUA deixou sementes, André Ventura também cá deixará. E o problema está aí.
O principal factor de crescimento do Chega é óbvia: o empobrecimento da classe média e o não cumprimento das promessas dos últimos 8 anos. A governação do Partido Socialista não cumpriu o que prometeu, esgotando o seu trabalho no combate à COVID-19 e redução da dívida pública. Educação, saúde, habitação justiça e transporte público estão a degradar-se dia após dia. O Chega atingiu uma grande dimensão graças à comunicação social, que deu demasiado ênfase e tempo de antena a um partido com apenas 12 deputados (2022).
Uma mentira proferida através dos comentadores na comunicação social, que deveria ser mais competente, é dizer que o Chega é de direita, colando-o ao PSD, CDS e IL. Errado. O Chega é de extrema-direita, e representa o pior da democracia europeia. Basta olhar para Viktor Orbán, na Hungria.
Não realizei a análise ao candidato do Livre, PAN e Iniciativa Liberal, não por falta de respeito, mas porque exigiria de mim mais tempo, para uma análise justa e completa, além da sua dimensão ser diminuta na região.
Nas próximas eleições legislativas, serão eleitos 230 deputados. Quer os frustrados, esquecidos, indecisos ou revoltados com o estado atual do país, votem ou não. Portanto, é fundamental votar em quem nos representa, de forma séria, íntegra e respeitando as leis nacionais e europeias. Os populistas e demagogos corroem a democracia. Quem promete um mundo perfeito ou o fim imediato de tudo o que está mal em Portugal, apenas está a ser utópico.
O programa do PS assenta na continuidade em relação às políticas de António Costa. O programa da AD tem um conjunto de medidas e reformas concretas que rompem com os últimos anos e tentam inverter o caminho do país. Esta eleição parece ser cada vez mais tripartidário (PS, AD e CHEGA), do que dividido em dois, como antes (PS e PSD). Que futuro terá a região?