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Mais Beja

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Qualidade de vida na cidade: espaço público

Parque da cidade ilustração.jpg

 

Qualidade de vida na cidade é um conceito amplo que envolve diversas áreas, desde o bem-estar físico, ambiente, saneamento, saúde até a infraestrutura e serviços públicos existentes. Em geral, pode-se dizer que uma cidade com boa qualidade de vida é aquela que oferece condições para que os seus moradores tenham uma vida saudável, segura e confortável. Este, é um conceito subjetivo, que varia de acordo com as expectativas e necessidades de cada indivíduo.
Assim, e de forma a não tornar esta publicação extensa, escolhi apenas um tema, dentro dos vários temas de qualidade de vida na cidade, que julgo ser o menos desenvolvido em Beja, nos últimos 10 anos.

 

Espaço público
O espaço público é um elemento essencial para a qualidade de vida nas cidades. É o espaço onde as pessoas se encontram, falam, divertem-se, circulam para ir para o trabalho ou escola, as crianças brincam e os seus cidadãos realizam actividades físicas. É também o espaço onde a cidade se expressa, através da sua arquitetura,  design, história, costumes e cultura.
Começando pelas ruas, que são os espaços públicos mais comuns nas cidades, em vários pontos de Beja estas são inseguras, desniveladas e não permitem a fluidez dos peões. É visível, um pouco por toda a cidade, a presença de buracos na calçada ou esta encontrar-se levantada, provocada pelo crescimento das raízes das árvores, sem que tenha havido correção.

 

Lixo em caldeira.jpg

LOCAL: PRACETA RAINHA DONA LEONOR (BEJA)

 

Várias caldeiras, apresentam-se vazias há muitos anos, que hoje apenas servem para depositar lixo, uma vez que existe poucas papeleiras/caixotes do lixo pela cidade. Ou seja, nem foram desativadas, tapando com calçada, nem foram plantadas novas árvores.


Outro défice, é a quase inexistência de recintos desportivos para a prática de desporto informal. Por cá, para praticar desporto, seja basquetebol, ténis, futebol, etc, tem de se estar inscrito num clube desportivo. Se o quiser realizar de forma informal, ao fim-de-semana ou após o trabalho, tem de pagar ou invadir escolas públicas para aceder aos recintos escolares muralhados.

 

Baldio na Rua de Olivença (2).jpg

LOCAL: RUA DE OLIVENÇA (BEJA)

 

Vários locais, dentro da cidade, são autênticos baldios, sem calçada, estrada, árvores, bancos públicos e iluminação pública, dando um aspecto total de abandono. De forma simples e não requerendo avultados investimentos financeiros, a cidade poderia ter inúmeros micro-jardins, com bancos públicos, canteiros de flores, iluminação pública e árvores que criassem sombra. Estas simples obras, embelezariam as ruas e bairros, melhorariam a qualidade de vidas dos seus residentes e valorizavam as casas e bairros, bem como aumentaria a presença de pessoas na rua a conversar ou crianças a brincar. Simplesmente, não há. De forma a comprovar, basta acompanharem a página "Beja Sustentabilidade Global" da Câmara Municipal de Beja, no Instagram ou Facebook, e ver que as "obras" são tão escassas, como a água que tem caído do céu.

 

Estacionamento em cima do passeio Beja (2).png

LOCAL: RUA DE DIOGO DE GOUVEIA (BEJA)

 

Inúmeras ruas da cidade, e já divulguei em publicações anteriores, têm as calçadas preenchidas por carros estacionados, obrigando os peões a circular na estrada. É uma situação absurda e que demonstra o fraco desenvolvimento que por cá se assiste. Uma solução simples, que é colocar pilaretes e criar estacionamento ordenado, não é prática em Beja.


Outras ruas há, em que a circulação a pé por parte de idosos, é um perigo, não sendo a cidade inclusiva para os idosos. Há buracos que são autênticas armadilhadas para idosos, que ao caírem, correm o grave risco de fraturar um osso e serem encaminhados ao serviço de urgência. Basta colocar um idoso a circular no Parque da Cidade de Beja para assistir a isso. A sorte, para a autarquia, é que ninguém apresenta queixa ou leva para tribunal estas situações, que são de total negligência por parte do município.


Os parques são espaços públicos verdes, onde as pessoas podem praticar desporto, passear e se conectar com a natureza, como tal, essenciais à melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos seus moradores. Em Beja, quantos parques nasceram nos últimos anos? Zero. O último parque na cidade, o Parque Urbano do Bairro Social Beja II, surgiu em 2017.


Outra área, abordada, apoiada e com forte crescimento por toda a Europa é a construção de ciclovias, reduzindo a presença de carros e a poluição. Em Beja, nos últimos 6 anos, apenas foi construída uma parcela 100 metros de ciclovia na Rua Pedro Soares, junto à Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG).

 

Bancos no Parque da cidade (1).jpg

LOCAL: PARQUE DA CIDADE JOSÉ MANUEL DA COSTA CARREIRA MARQUES  (BEJA)

 

A manutenção do espaço público, é praticamente inexistente em Beja. O Parque da Cidade de Beja, teve de chegar a um estado de decadência e abandono, para serem tomadas algumas medidas, como a troca de bancos públicos, reparação da iluminação pública, tapar buracos ou limpar grafites.

 

Uma cidade com bons espaços públicos é uma cidade mais viva, segura e inclusiva. É uma cidade onde as pessoas se sentem mais felizes e satisfeitas, vivendo a cidade e o espaço público, ao invés de se fecharem em casa, porque simplesmente não há parques ou havendo, obrigam a ir de carro.
Para tal, é essencial plantar mais árvores nas ruas, requalificar o pavimento das estradas e calçada, construir passadeiras acessíveis em toda a cidade, construir campos para a prática de desporto, criar micro-jardins e parques, colocar de bancos de modo a oferecer zonas de descanso, requalificar as ruas, criando passeios confortáveis e acessíveis, evitando quedas, colocar papeleiras nas ruas e realizar a limpeza semanal nas zonas mais movimentadas. E, ao mesmo tempo, requalificar a rede pública de saneamento, uma vez que quando são realizadas obras de melhoria na estrada ou calçadas, pouco tempo depois têm de desfazer parte da nova obra, porque houve um cano que rebentou.

 

Em Beja, não há massa crítica que pense, reflita, discuta e planeie sobre a cidade de hoje e para o amanhã. Nenhuma árvore foi plantada nos últimos 12 meses, sendo que o maior problema a curto prazo, são as alterações climáticas, sendo que o maior impacto será  sentido no sul da Península Ibérica, com as temperaturas extremas e a seca. A nossa cidade, já é conhecida em Portugal por ser a capital de distrito mais quente no país, sendo certo que o problema se vai agravar. Qual o plano delineado pela Câmara Municipal para diminuir o impacto das temperaturas extremas? Que saiba, zero.

 

A oposição na Câmara, nomeadamente o PCP (transvestido em CDU), prefere discutir quinzenalmente os mesmos temas, todos eles pequenos e vazios. Nas reuniões de câmara, transmitidas através do YouTube, é confrangedor ouvir sempre a mesma “cassete”, à semelhança do que faz o partido na Assembleia da República e na festa do Avante.
A oposição realizada pelo movimento "Beja Consegue" é mais astuta, fundamentada e progressista. Estuda os temas, e muda consoante os problemas vão surgindo ou os moradores se vão queixando.

 

Em Beja, não há novidade ou inovação. A estagnação, com ausência de desenvolvimento e a sujidade nas ruas é mais que muita. Aqui, a culpa não pode ser exclusivamente imputada ao executivo do Partido Socialista, atualmente em funções na autarquia. O município tem mais de 600 funcionários. O que fazem eles e elas? Na limpeza urbana, urbanismo, parques e jardins, vias pedonais, segurança rodoviária e alteracções climáticas? Que projetos foram lançados? Que soluções foram criadas? Que medidas foram implementadas para resolver os problemas? Existe algum manual ou documento interno?

 

O investimento na melhoria da qualidade de vida na cidade a médio e longo prazo, deve ser um objetivo claro e persistente, que exige um trabalho de planeamento, financiamento e execução sério e capaz. Sem este objetivo cumprido, não haverá desenvolvimento urbano, social e a construção de uma cidade melhor, mais justa e equitativa. A cidade, tem perdido população, e com o estado atual, o processo só tenderá a agravar.

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